sábado, 19 de maio de 2012

Produção: Crepúsculo

Produção: Crepúsculo

Desenvolvimento
O romance de Stephenie Meyer foi originalmente escolhido pela Paramount Pictures em Abril de 2004, mas o roteiro que foi desenvolvido era substancialmente diferente do livro. Quando a Summit Entertainment reinventou-se como um completo serviço de estúdio em Abril de 2007, iniciou o desenvolvimento de uma nova adaptação cinematográfica, tendo adquirido os direitos da Paramount. A empresa percebeu o filme como uma oportunidade de lançar uma série baseada no sucesso do livro e suas sequências. No verão, Catherine Hardwicke foi contratada para dirigir o filme e Melissa Rosenberg para escrever o roteiro.
Rosenberg desenvolveu um esboço até o final de Agosto e colaborou com Hardwicke na escrita do roteiro durante o mês seguinte. "Ela era uma incrível caixa sonora e tinha todos os tipos de idéias brilhantes… Eu finalizava as cenas e as enviava para ela e voltavam com suas notas". Devido a iminente greve dos roteiristas, Rosenberg trabalhou em tempo integral para terminar o roteiro antes de 31 de Outubro, tendo concluído em seis semanas. Ao adaptar o romance, ela "teve que condensar muita coisa. "Alguns personagens não foram apresentados no roteiro, enquanto alguns personagens foram combinados com outros."Nossa intenção sempre foi a de permanecer fiéis ao livro", explicou Rosenberg, "e isso tem menos a ver com adaptá-lo palavra por palavra e mais com garantir que as características emocionais dos personagens continuem as mesmas". Hardwicke sugeriu o uso do comentário para transmitir o diálogo interno da protagonista - já que o romance é contado do ponto de vista de Bella - e esboçou alguns storyboards durante a pré-produção.

Escolha do Elenco
Kristen Stewart estava no set do filme Adventureland quando Hardwicke a visitou para um informal teste cinematográfico que "cativou" a diretora. A atriz Emily Browning havia sido convidada pelo estúdio para fazer um teste para o papel de Bella Swan, porém não o fez; ela afirmou que tinha acabado de terminar as filmagens de The Uninvited e "não é o tipo de pessoa que consegue fazer um trabalho após o outro". Stephenie Meyer havia pensado em Henry Cavill para o papel de Edward Cullen, mas para maior credibilidade do personagem (de 17 anos), o ator não foi escolhido por já ter 24 na época. Mais de cinco mil atores fizeram testes para o papel de Edward, e, inicialmente, Hardwicke não iria escolher Robert Pattinson para o papel, mas após uma audição em sua casa com Stewart, ela o escolheu. Pattinson não estava familiarizado como a série, mas, após o teste, leu todos os livros. Meyer permitiu que ele visse o manuscrito inacabado de Midnight Sun, com os acontecimentos de Crepúsculo do ponto de vista de Edward. A reação dos fãs pela escolha de Robert foi inicialmente negativa; Rachelle Lefèvre observou que "cada mulher tinha seu próprio Edward, que elas tinham que deixar antes de se abrir pra ele, o que fizeram". Meyer ficou "excitada" e "empolgada" depois da escolha dos dois personagens principais.
Cam Gigandet tentou o papel de Emmett, mas "sempre quis o papel de James", para qual tinha prestado audição primeiro e foi selecionado. Originalmente, Peter Facinelli não interpretaria o personagem Carlisle Cullen. "Hardwicke gostou dele, mas havia outro ator que o estúdio estava querendo". Por razões desconhecidas, o ator não pôde interpretar o personagem e Facinelli foi selecionado em seu lugar. A escolha de Ashley Greene para o papel de Alice Cullen foi objeto de críticas dos fãs, pelo fato da atriz ser dezoito centímetros mais alta que a personagem, como é descrita no livro. Meyer também havia afirmado que Rachael Leigh Cook lembrava a sua visão de Alice. Nikki Reed tinha trabalhado anteriormente com Hardwicke em Thirteen, que elas escreveram em conjunto, e Lords of Dogtown. "Não quero dizer que isso é uma coincidência, porque havíamos trabalhado bem juntas e temos uma história incrível. Eu acho que fazemos um bom trabalho, mas as pessoas que a contratam [Hardwicke] para dirigir um filme deles mais provavelmente viram outro trabalho."
Kellan Lutz estava na África gravando a mini-série da HBO Generation Kill quando as audições para o personagem de Emmett Cullen foram realizadas. O papel já teria sido escolhido pelo tempo de produção, terminada em Dezembro de 2007, mas o ator foi escolhido por "fracasso nas negociações". Lutz posteriormente audicionou e voou para Oregon, onde Hardwicke o escolheu pessoalmente. Rachelle Lefèvre estava interessada em conseguir um papel no filme porque Hardwicke foi anexada ao projeto como diretora, houve também "o potencial para explorar um personagem, assim o esperamos, mais três filmes"; e ela quis interpretar uma vampira. "Ela pensava que os vampiros eram basicamente a melhor metáfora para a ansiedade humana e questões sobre estar vivo." Christian Serratos inicialmente audicionou para Jessica Stanley, mas "se apaixonou completamente por Angela" depois de ler os livros e teve sucesso numa audição posterior para interpretar Angela Weber. O papel de Jessica Stanley passou para Anna Kendrick. Michael Welch chegou a fazer a audição para Edward, mas acabou interpretando Mike Newton, papel com o qual diz "estar feliz". O intérprete de Eric Yorkie, Justin Chon, revelou que não estava inicialmente interessado no papel, mas mudou de opinião após saber que Hardwicke e Kristen Stewart estavam envolvidas no projeto.

Filmagem e Pós-produção
A fotografia principal levou 44 dias, depois de mais de uma semana de ensaios, concluídos em 2 de Maio de 2008. Semelhante à sua estréia como diretora, Thirteen, Hardwicke optou por um uso extensivo de aparelho portátil, para fazer o filme "parecer real". Meyer visitou o set de produção três vezes, e foi consultada sobre diversos aspectos da história, tendo feito também uma pequena participação no filme. Foi dito ao elenco para evitar a luz solar durante as gravações, para manter a sua pela pálida, embora também tenha sido aplicada maquiagem para conseguir esse efeito, além das lentes de contato usadas para caracterizar os Cullen:"Colocamos cor de ouro, por que os Cullens têm olhos dourados. E, depois, quando estão famintos, temos que colocar a cor preta nos olhos", explicou Facinelli. Eles também participaram de ensaios com um coreógrafo de dança para tornar seus movimentos corporais mais graciosos. A atriz Kristen Stewart tem olhos verdes; por isso, para viver Bella, teve de usar lentes de contato de cor castanha, e o ator Taylor Lautner teve que usar peruca para que o seu cabelo parecesse mais comprido, como é descrito o seu personagem no livro, Jacob.
As cenas foram filmadas principalmente em Portland, Oregon, e o elenco fez a sua maior parte de trabalho de dublê. A sequência de luta entre os personagens de Gigandet e Pattinson num estúdio de balé foi filmada durante a primeira semana de gravações e acarretou um trabalho especial de produção, uma vez que os vampiros da história têm força e velocidade sobre-humana. Gigandet usou algumas técnicas de artes marciais misturadas nessa sequência. Bella, a protagonista, está inconsciente durante esses eventos, e uma vez que o romance é contado a partir de seu ponto de vista, essas seqüências são ilustradas em exclusivo para o filme.
Ao invés de filmar na própria Forks High School, as cenas que ocorrem na escola foram filmadas na Kalama High School e na Madison High School. Outras cenas foram filmadas em St. Helens, Oregon, e Hardwicke conduziu algumas refilmagens em Pasadena, Califórnia, em Agosto. Crepúsculo estava originalmente programado para ser lançado nos Estados Unidos em 12 de Dezembro de 2008, mas a sua data de lançamento foi alterada para 21 de Novembro após Harry Potter and the Half-Blood Prince ser adiado para Julho de 2009. Dois trailers, bem como algumas cenas adicionais, foram liberados para o filme, assim como um trailer final que foi lançado em 9 de Outubro. Uma apresentação de 15 minutos com trechos de Crepúsculo foi exibida durante o "International Rome Film Festival", em Itália.

Música
O score foi composto por Carter Burwell, com o resto da trilha sonora escolhida por Alexandra Patsavas. Meyer foi consultada sobre a trilha, que inclui Muse e Linkin Park, bandas que ela escutava enquanto escrevia os livros da série. Twilight: Original Motion Picture Soundtrack foi lançado em 4 de Novembro pela Chop Shop Records em conjunto com a Atlantic Records e o Twilight: The Score em 9 de Dezembro de 2008.

Comparação com o Livro
Os cineastas por trás de Crepúsculo trabalharam para criar um filme que fosse tão fiel ao livro quanto achavam ser possível ao se converter uma história para outro meio, como o produtor Greg Mooradian disse, "É muito importante distinguir que estamos fazendo uma peça de arte separada que, obviamente, vai ficar muito, muito fiel ao livro… Mas, ao mesmo tempo, temos a responsabilidade de fazer o melhor filme que se pode fazer". A fim de assegurar uma adaptação fiel, a autora Stephenie Meyer foi mantida envolvida no processo de produção, tendo sido convidada a visitar o set durante a filmagem e até a dar opiniões sobre o roteiro. Sobre este processo, Meyer disse: "Foi uma troca muito agradável [entre mim e os cineastas] desde o começo, que eu acho que não é muito típica. Eles estavam realmente interessados nas minhas idéias", e "…eles me mantiveram por perto e, sobre o roteiro, me deixaram ver e disseram, 'Quais seus pensamentos?'… Me deixaram dar minha opinião e eu acho que pegaram 90% do que eu disse e incorporaram nele". Meyer lutou para que uma cena em particular, uma das mais conhecidas do livro sobre "o leão e o cordeiro", fosse mantida na íntegra no filme: "Eu realmente acho que o jeito que a Melissa [Rosenberg] escreveu soou melhor para o filme… O problema é que essa cena, na realidade, está tatuada nos corpos das pessoas… Mas eu disse 'Você sabe que se tiver que pegar isso e mudar, será uma potencial situação de retrocesso'". Ela também foi convidada a fazer uma lista de coisas do livro que não deveriam ser alteradas no filme, como as presas dos vampiros ou matar personagens que não morrem no livro, que o estúdio aceitou seguir. O consenso entre os críticos é que os cineastas conseguiram fazer um filme que é muito fiel ao seu material de origem.
No entanto, como é frequente nos casos de adaptações livro-para-filme, existem diferenças entre eles. Algumas cenas do livro foram cortadas do filme, como uma cena na sala de biologia em que a classe de Bella faz tipagem sanguínea. Hardwicke explica, "Bem, [o livro tem] quase 500 páginas - você tem que fazer a versão leite condensado açucarado disso… nós já temos duas cenas da aula de biologia: a primeira vez que eles estão lá dentro e a segunda vez em que os dois estão juntos. Em um filme, quando você condensa, não quer deixar a mesma coisa várias vezes. Então, [a cena] não está lá". Os cenários de certas conversas no livro também foram alterados para fazer as cenas mais "visualmente dinâmicas" na tela, tal como Bella revelando que sabe que Edward é um vampiro numa campina no filme, diferente do carro de Edward no romance. Uma excursão de biologia é adicionada ao filme, a fim de mostrar os momentos de frustração em que Bella tenta explicar como Edward salvou-a de ser esmagada por uma van. Uma das maiores mudanças foi a introdução dos vampiros vilões muito mais cedo do que eles aparecem no livro, com Rosenberg explicando que "você não ver o James e os outros vilões até o último quarto do livro realmente não funcionaria num filme. Você precisa de uma tensão fatal. Precisávamos vê-los e o perigo iminente desde o inicio. Então eu tive que criar uma história anterior para eles, o que eram até aquilo, para exercitar eles como personagens". Rosenberg também combinou alguns dos humanos do ensino médio, com Lauren Mallory e Jessica Stanley se tornando a personagem de Jessica no filme, e uma "combinação de vários personagens humanos diferentes" se tornando Eric Yorkie. Sobre estas diferenças do livro, Mooradian declarou, "Eu acho que nós fizemos realmente um criterioso trabalho de destilação [do livro]. Nossa maior crítica, Stephenie Meyer, ama o roteiro, e diz que temos feito todas as opções corretas em termos do que manter e perder. Invariavelmente, você vai perder partes que alguns membros do público vão querer desesperadamente ver, mas há apenas uma realidade, não estamos fazendo 'Twilight: O Livro' O filme".

Bilheteria
O filme Crepúsculo alcançou aproximadamente 36 milhões de dólares em bilhetes no primeiro dia de exibição e, no primeiro final de semana, os 69,6 milhões - quase o dobro do seu orçamento, que foi de 37 milhões. Obteve um lucro de US$408.773.703 mundialmente, tornando-se o segundo filme de temática vampírica mais lucrativo da história do cinema, atrás de sua sequência, Lua Nova. Crepúsculo tem, até o momento, a 116ª maior bilheteria de todos os tempos e a maior estréia de um filme dirigido por alguém do sexo feminino nos Estados Unidos. No Brasil, estreou em segundo lugar nas bilheterias com R$3,3 milhões e 365.000 espectadores, público que chegou aos 1.200.000 até o dia 10 de Janeiro de 2009. No total, o filme arrecadou R$11,7 milhões no país. Em Portugal, atraiu cerca de 208.420 espectadores nos primeiros 69 dias de exibição, alcançando uma receita bruta de 912.027,25€.

Crítica
A recepção da crítica para Crepúsculo foi geralmente mista ou média. Baseado em 187 críticas recolhidas pela Rotten Tomatoes, a partir de 21 de Dezembro de 2008, o filme recebeu uma classificação global de aprovação de 50%, com uma média ponderada de 5.5/10. Segundo o site, o consenso entre os críticos é que o filme "irá agradar aos devotados fãs, mas faz pouco aos não iniciados." Por comparação, Metacritic, que atribui uma avaliação normalizada em 100 a partir de comentários críticos, calculou uma pontuação média de 56, através de 36 de opiniões recolhidas. Crepúsculo é o 32° filme mais bem avaliado da história perante o público com uma média ponderada de 7.84/10, no The Numbers, e com uma média 9.41, o mais avaliado entre os menores de 18 anos.
O crítico Armond White do New York Press chamou o filme de "um genuino clássico pop". Will Lawrence, da Empire, deu ao filme quatro de um total de cinco estrelas, dizendo que "a diretora [Hardwicke], é claro, entende do público adolescente e criou um dos mais belos filmes do ano". Já no USA Today, Claudia Puig escreveu que "apesar do questionável elenco, representação desajeitada, diálogo absurdo e verdadeiramente terrível maquiagem, é provável que nada faça as garotas pararem de lotar essa adaptação barata do popular romance de Stephenie Meyer". Em sua crítica no Los Angeles Times, Kenneth Turan afirmou que "Twilight é sem vergonha nenhuma um romance. Toda a história é a própria estupidez desse lado, na intenção de transmitir a magia do encontro com uma pessoa especial que você vinha esperando. Talvez seja possível ter 13 anos e ser do sexo feminino por algumas horas depois de tudo". A Entertainment Weekly deu ao filme uma avaliação "B", com Owen Gleiberman elogiando a direção de Hardwicke: "Ela reconstruiu o romance de Meyer com nuvens de humor em um céu tempestuoso, ondulando hormônios, e sem dar importância aos efeitos visuais".

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