Por: Conrado Heoli, em 29/11/2009
Lua Nova faz parte de duas categorias de filmes que é composta, em grande maioria, por obras fraquíssimas. A primeira delas diz respeito a filmes que adaptam obras literárias de grande êxito comercial e de público. A segunda está no fato de o filme ser a sequência de outra produção muito bem sucedida. Para felicidade de seus produtores e público, Lua Nova se destaca nos dois quesitos: é uma adaptação extremamente fiel ao livro que a originou e uma sequência muito superior ao filme que a antecede, Crepúsculo. Mesmo com sucesso nos dois pontos supracitados (o que não quer dizer muito, considerando o grau de dificuldade nos dois quesitos), Lua Nova falha em muitos outros aspectos.
Como escreveu Stephenie Meyer, autora da série de livros extremamente rentável conhecida como The Twilight Saga (A Saga Crepúsculo, no Brasil), Lua Nova se inicia no aniversário de 18 anos de Bella Swan, a jovem que encontrou em um vampiro, Edward Cullen, o seu grande amor. Quando um acidente faz Edward perceber que sua presença causa perigo para Bella, ele decide se afastar, abandonando-a na cidade de Forks. Sem rumo e extremamente depressiva, Bella encontra em Jacob algum conforto para, como ela própria diz, preencher o vazio de seu coração – ou algo piegas que o valha.
O que move grande parte da trama de Lua Nova é justamente este abandono, que desestabiliza Bella e a deixa totalmente perdida. Ela encontra em Jacob alguma distração, mas faz o que for para reavivar a presença de Edward junto a si. Diferente de Crepúsculo, Lua Nova deixa Robert Pattinson, interprete de Edward, como o coadjuvante da história, dando maior ênfase para os outros vértices do triângulo amoroso recém-criado: Bella e Jacob.
Uma realidade que prejudica Lua Nova está em sua necessidade e relevância quando se leva em consideração que o filme faz parte de uma série. Com exceção da entrada dos lobisomens na história (que são apresentados através de fracos efeitos visuais), quase nada muda desde o término de Crepúsculo até o final do novo filme, o que faz de Lua Nova um grande filler (termo aplicado aos desenhos japoneses que adaptam mangás e inserem grandes arcos narrativos para explorar comercialmente uma série) ou, grossamente dizendo, uma imensa enrolação.
Já dito que o filme é desnecessário à série (e ao cinema como veículo da arte e não do entretenimento), vamos aos outros fatos que se destacam na produção, como seu roteiro e direção. Enquanto Melissa Rosenberg apenas transpõe a narrativa novelesca e melodramática de Meyer para as páginas de seu roteiro, Chris Weitz faz um ótimo trabalho atrás das câmeras e, mesmo que peque um pouco no que diz respeito à direção de atores, entrega à série um olhar ideal e muito superior ao que Catherine Hardwicke havia apresentado em Crepúsculo. Weitz, que já trabalhou com jovens nos distintos American Pie - A Primeira Vez é Inesquecível e Um Grande Garoto, desenvolve bons planos e sequências privilegiando a eficaz fotografia de Javier Aguirresarobe - ótimo fotógrafo espanhol que trabalhou em filmes como Vicky Cristina Barcelona e Mar Adentro.
Um desses bons momentos de Chris Weitz está nas inteligentes soluções visuais empregadas para dar ideia de passagem de tempo, como na cena em que Bella olha pela janela, bastante desiludida pela partida de Edward, e os meses passam em um único plano-sequência. Mas a direção correta de Weitz não salva ou se sobrepõe ao fiasco de roteiro elaborado por Melissa Rosenberg, que, como feito em Crepúsculo, dá ênfase a cada chavão melodramático que Stephenie Meyer escreveu, incluindo as frases de efeito (aparentemente retiradas de cartões bregas de dia dos namorados) que são ditas a cada dois minutos de filme.
Outro problema que certamente não irá mudar na saga Crepúsculo está no desempenho de seus atores. Kristen Stewart continua apática e por algumas vezes até mesmo patética representando a mocinha da história – mas está bem mais bonita do que em Crepúsculo, o que não quer dizer muito. Com maior destaque, Taylor Lautner até que se sai razoavelmente bem, aparentemente confortável mesmo estando sem camisa em 99,9% do tempo de projeção de Lua Nova (curiosamente ele aparece vestido enquanto dorme!). Já Robert Pattinson permanece canastrão e não convence como o vampiro altruísta Edward Cullen, servindo meramente como o rostinho bonito (e nada expressivo) que faz garotinhas suspirarem nas salas de cinema. Ainda sobre os atores, a participação de dois jovens que pareciam promissores quando crianças, Dakota Fanning e Cameron Bright, são tão pequenas que sequer têm a chance de estabilizar ou comprometer ainda mais o elenco do filme.
Por fim, Lua Nova serve para fazer a alegria da meninada fanática pela saga de Stephenie Meyer e pelo trio formado por Pattinson, Stewart e Lautner, principalmente por trabalhar com elementos simples e de fácil identificação por parte de seu público-alvo. Que venha junho de 2010, que nos trará Eclipse!
Conrado Heoli, em 29/11/2009
Nenhum comentário:
Postar um comentário