terça-feira, 10 de janeiro de 2012

A Breve Segunda Vida de Bree Tanner

A Breve Segunda Vida de Bree Tanner



Introdução


NÃO HÁ DOIS ESCRITORES QUE ABORDEM UM 
TEMA DA mesma maneira. Todos temos inspirações e motivações 
distintas, temos nossas razões para manter alguns personagens por
perto, enquanto outros desaparecem num amontoado de arquivos 
abandonados. Pessoalmente, nunca entendi por que alguns dos 
meus personagens adquirem vida própria com tanta intensidade, 
mas sempre fico feliz quando isso acontece. Esses personagens são 
os que requerem menos esforço para serem escritos, e por isso suas 
histórias, normalmente, são as que vão adiante. 
Bree é uma dessas personagens, e é a razão principal para esta 
história estar agora em suas mãos, e não perdida no labirinto de 
pastas esquecidas em meu computador. (As outras duas razões se 
chamam Diego e Fred.) Comecei a pensar em Bree quando estava 
editando  Eclipse. Editando, não escrevendo  – enquanto redigia o 
primeiro rascunho de Eclipse, tinha a visão limitada pela perspectiva 
em primeira pessoa; qualquer coisa que Bella não pudesse ouvir, 
sentir, provar ou tocar era irrelevante. Aquela história tratava 
unicamente a experiência dela. 
O passo seguinte no processo de edição era me afastar de 
Bella e ver como a história fluía. Minha editora, Rebecca Davis, teve 
grande papel nesse processo. Ela me fazia muitas perguntas sobre 
coisas que Bella não sabia, e sobre como poderíamos tornar mais 
claros alguns trechos específicos dessa história. Bree é a única recémcriada que Bella vê, por isso a perspectiva dela foi a que primeiro me 
atraiu quando passei a considerar o que estaria acontecendo por trás 
das cenas. Comecei a pensar sobre viver no porão com os recémcriados e sobre caçar no estilo tradicional dos vampiros. Imaginei o 
mundo como Bree o enxergava. E foi fácil fazer tudo isso. Desde o 
início Bree esteve muito clara como uma personagem, e alguns de 5
seus amigos também ganharam vida sem nenhum esforço. É assim 
que normalmente acontece comigo: eu tento escrever uma breve 
sinopse do que está acontecendo em algum trecho da história e 
acabo criando um diálogo. Nesse caso, em vez da sinopse, eu me 
descobri narrando um dia na vida de Bree.
Ao escrever sobre Bree, coloquei-me pela primeira vez no 
lugar de um narrador que era um vampiro “de verdade” – um 
caçador, um monstro. Tive de olhar para nós, humanos, através dos 
olhos dela, vermelhos: de repente éramos patéticos e fracos, presas 
fáceis, sem nenhuma importância além de ser um lanchinho saboroso. Senti como era estar sozinha entre inimigos, sempre alerta, 
sem ter certeza de nada, exceto de que sua vida está em perigo. 
Mergulhei em um tipo inteiramente diferente de vampiros: os 
recém-criados. A vida do recém-criado era algo que eu ainda não 
havia explorado – nem mesmo quando Bella finalmente se tornou 
uma vampira. Bella jamais foi uma recém-criada como Bree. A 
experiência foi fascinante, sombria e, em última análise, trágica. 
Quanto mais eu me aproximava do fim inevitável, mais queria ter 
terminado Eclipse de um jeito um pouco diferente.
Fico imaginando o que você sentirá por Bree. Ela é uma 
personagem muito pequena, aparentemente trivial em Eclipse. Vive 
apenas cinco minutos do ponto de vista de Bella. No entanto, sua 
história é muito importante para a compreensão do romance. 
Quando você leu a cena de Eclipse em que Bella fixava o olhar em 
Bree, analisando-a como um possível futuro, em algum momento 
pensou no que teria levado Bree até ali? Quando Bree encarou Bella 
e os Cullen, você pensou em como ela os via? Provavelmente não. E, 
mesmo que tenha pensado, aposto que não descobriu os segredos 
dela.
Espero que acabe gostando de Bree tanto quanto eu, embora 
esse seja um desejo meio cruel. Você já sabe: a história não acaba 
bem para ela. Mas, pelo menos, você vai conhecer toda a trama. E 
vai ver que nenhum ponto de vista jamais será completamente óbvio.



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